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sexta-feira, 19 de abril de 2013

MIJO NA PISCINA

Veteranos usam urina em trote de 

Medicina da UFRJ, dizem alunos.



Calouros carregaram placas com identificações como ‘viadinho tatuado’, ‘chifruda’ e ‘filha do demo’
No ano passado, um estudante virou uma lixeira na cabeça de outro.


Essa prática, precisa acabar. ou evoluir para uma real integração entre os alunos. - do autor do blog.


Calouros em piscina utilizada no trote do curso já no semestre passado
Foto: Reprodução da internet



RIO - Urina, peixes mortos, melancia e terra. Essa é a mistura que veteranos de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro colocaram em uma piscina utilizada em um trote do curso ocorrido, há 15 dias, no campus da Ilha do Fundão. Os calouros foram obrigados a se banhar ali, como revelam as imagens publicadas pelo GLOBO nesta quinta-feira (18). As informações vieram de dois alunos que presenciaram o trote, mas não quiseram divulgar seus nomes por temerem reações do grupo de veteranos chamado “Esquadrão de bombas da UFRJ”.
O esquadrão urinou na piscina e colocou peixes mortos, terra e melancia. Isso é comum nos trotes e já teve calouro que se machucou com espinha de peixe — contou um dos estudantes.
Outra situação verificada nas imagens do trote, na qual calouros apareciam enfiando a cabeça em uma melancia, também causou indignação em alguns alunos, pois a fruta estava encharcada de vodca, e os estudantes foram obrigados a mordê-la.
— Eles colocam vodca na melancia e dividem os alunos em equipes. Ganha quem terminar de comer a melancia primeiro — explicou o mesmo estudante.
Outro estudante, que ligou para a redação do GLOBO após ler a reportagem no site, revelou que os veteranos cobraram R$ 450 reais de cada um dos calouros para pagar a festa do trote e dos outros eventos do semestre.
— São anos de vestibular. Você quer fazer novos amigos, então você quer se integrar e aí se submete a uma situação que depois você pode até se arrepender — contou o aluno .
Apesar de o trote ser proibido no Estado do Rio, estudantes de universidades públicas e particulares não apenas ignoram a legislação, como contratam uma empresa para ajudar na organização pagando valores a partir de R$ 3 mil. Fotos postadas no Facebook da TGF Eventos mostram os calouros carregando placas com identificações depreciativas, como “viadinho tatuado”, “chifruda” e “filha do demo”.
A TGF Eventos informa que as brincadeiras ficam totalmente a cargo dos alunos, enquanto a agência é responsável pelo fornecimento de material como camisetas, canecas e o contato com possíveis patrocinadores. No trote do curso de Medicina, diversas imagens publicadas no Facebook carregam a marca da cervejaria Skol.
A assessoria da cervejaria comunicou que a empresa patrocina alguns eventos organizados pela TGF Eventos, mas não participa diretamente da organização, produção ou execução dessas ações. “A marca repudia veementemente qualquer situação vexatória ou discriminatória envolvendo qualquer pessoa”, informou a nota.
Após ser informada pelo GLOBO sobre os fatos, a direção da Faculdade de Medicina emitiu uma nota de repúdio e informou que abriu uma investigação para apurar o ocorrido.
De acordo com alunos do curso, os calouros são coagidos a participar do trote, que começa, em geral, numa terça-feira e dura até sexta. Durante esses quatro dias, os novos universitários são obrigados a carregar as placas no pescoço.
No ano passado, dois episódios também causaram revolta. Em um dos trotes, um aluno faltou a aula e, no dia seguinte, ao reaparecer na faculdade foi alvo do “Esquadrão de bombas”. De acordo com estudantes, o grupo o imobilizou em uma cadeira, usando fita adesiva, e depois virou uma lixeira sobre a cabeça dele. Outro motivo de indignação foi a simulação de sexo que as calouras foram obrigadas a fazer com uma barra de chocolate. Os alunos garantem que tudo ocorreu em frente à prefeitura universitária da UFRJ.
Calouros dizem que não foram obrigados a participar
No fim da tarde desta quinta-feira, cinco calouros disseram ter participado livremente do trote. Pablo Plubins, de 20 anos, afirmou que não houve violência e que ele não se sentiu constrangido.
— Tem umas coisas das plaquinhas que podem ser pesadas, mas vi pessoas tranquilas em relação a isso. Eu participei rindo das brincadeiras, ninguém me machucou — afirmou Plubins.
Sobre a urina na piscina, ele disse não se importar.
— Não sei o que tinha na piscina e não me interessa saber. Eu sei que podia ter qualquer coisa lá e entrei sabendo disso — afirmou o estudante. Ele disse ainda que foram recolhidos alimentos e brinquedos para uma doação ao hospital durante as atividades do trote.
Também por meio de nota, a TGF Eventos disse que se opõe a qualquer tipo de constrangimento aos alunos nos eventos em que atua. A agência informou ainda que a empresa e seus parceiros não tem qualquer responsabilidade e participação nas brincadeiras realizadas entre os alunos nos trotes.
“Realizamos festas e promovemos eventos de cunho social, buscando como resultado a aproximação entre os alunos e a prática de boas ações, em benefício da sociedade. Ao invés de trotes vexatórios, a empresa sempre sugere ações com práticas saudáveis e benéficas, como arrecadação de alimentos e participações em campanhas para doação a comunidades carentes”, afirmou a TGF.
O GLOBO segue tentando fazer contato com integrantes do Centro Acadêmico, organizadores do trote, mas nenhum dos três retornou os contatos da reportagem até o momento.