Admirador de Gandhi, King encontrara o caminho da não violência. O discurso aproximava-se do clímax. Um profeta encarnara no reverendo. Acometia-o um sonho. Disse: "I have a dream!". A cena eletrizou o país. Atrás dele, como num velho blues, um coral informal de militantes negros repetiam suas palavras finais.
Martin Luther King durante discurso pró-direitos humanos em Selma, Alabama (EUA), em 1965 Foto: Getty Images
Martin Luther King durante discurso pró-direitos humanos em Selma, Alabama (EUA), em 1965
Foto: Getty Images
O reverendo tinha um sonho, repetiu. Que algum dia, mesmo na racista Georgia, os filhos de escravos e o dos senhores se sentariam à mesa da fraternidade, e que até o Mississipi viraria um oásis de irmandade. Que ninguém mais seria julgado pela sua cor e sim pelo seu caráter. Que por toda a América, num anunciado futuro, em suas montanhas, vales, planícies, aldeias ou cidades, se ouviria o clarim da liberdade. Todos então, independente da raça, sexo ou religião se dariam as mãos e, em júbilo, repetiriam as palavras de um velho spiritual negro:
"Finalmente livres! Enfim, livres! Graças a Deus Todo-Poderoso, finalmente estamos livres!"
Ao encerrar, a multidão percebeu o acontecimento extraordinário. Martin Luther King Jr fizera um dos mais belos salmos políticos da língua inglesa. Mataram-no a tiros anos depois, em Memphis, em 4 de abril de 1968.
Como estará o sonho do dr. King hoje?
Especial para Terra